IDENTIFICAÇÃO DE SILLS DE BIABÁSIO DECOMPOSTOS

JOSÉ SETZER

Resumo


Sills triássicos de diabásio, alguns atingido 10 km de comprimento, são comuns sobre  a divisa entre o Complexo Cristalino e a grande bacia sedimentar do Estado de São Paulo. Estes sills apresentam notável predileção pelo fundo da bacia sedimentar, intrometidos diretamente acima do Cristalino, sob o primeiro sedimento glacial da Série Tubarão, provavelmente graças a flexibilidade das camadas desta em comparação com a rigidez do Cristalino. Nas nossas condições climáticas os sills de diabásio formaram notáveis extensões de “terras roxas”, isto é, solos argilosos profundos de cor vermelha amarronzada., alto teor de F2O3 e presença de areia preta de magnetita e ilmenita. Quando a superfície de hoje se acha modelada na parte superior dos sills, os solos possuem areia quartzosa e outros detritos minerais remanescentes das camadas Tubarão que existiram acima. Tendo havido entre estas, conglomeratos ou tilitos, mesmo seixos graúdos de quartzo e quartzito podem ser encontrados no solo. Quando a superfície de hoje representa nível estratigráfico abaixo dos sills, isto é, modelada já no substrato cristalino, a rocha mãe do solo é cristalina ou cristalofiliana mas o solo é excessivamente vermelho e apresenta relativamente alto teor de areia negra. Visto que os diques de diabásio, devido a sua ínfima expressão como superfície, não formam terras roxas, a existência de solos demasiadamente vermelhos em pleno Cristalino longe da borda da bacia sedimentar é indicio de ter havido sill dezenas de metros acima do solo atual, podendo os sedimentos que cobriam o sill atingir mesmo cotas de duas centenas de metros acima do sill hipotético fato este que confere a bacia sedimentar no passado extensão muito maior que a de hoje. Os sills intrometidos entre camadas Tubarão em níveis estratigráficos dezenas de metros acima da topografia atual denunciam a sua presença no passado pela coloração fortemente vermelha dos topos das lombadas atuais, ainda que o conduto magmático em forma de dique se encontre hoje fora de tais áreas de “terras roxas misturadas”. Nota-se que os sills de diabásio tiveram predileção também pelo andar Irati da Série Passa Dois, cujos folhetos e siltitos betuminosos também formam solos muito vermelhos, distinguindo-se porém das terras roxas pela presença de concreções de sílex, Na Série São Bento, ou Botucatu em termos paulistas, além dos traps de basalto, existem sills de diabásio, os quais se intrometeram por baixo de lavas basálticas pre-existentes.


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