Comportamento dos sistemas Sm-Nd e Rb-Sr da seqüência acamadada máfico-ultramáfica Ribeirão dos Motas (arqueano), cráton São Francisco Meridional: evidências de enriquecimento mantélico e fracionamento isotópico

Maurício Antônio Carneiro, Wilson Teixeira, Irneu Mendes de Carvalho Júnior, Márcio Martins Pimentel, Arildo Henrique de Oliveira

Resumo


A Seqüência Acamadada Ribeirão dos Motas (SARM) aflora na porção meridional do Cráton São Francisco, na região centro-sul do Estado de Minas Gerais, Brasil. Essa seqüência é formada por rochas faneríticas metaultramáficas e metamáficas, variavelmente deformadas e metamorfisadas, exibindo, no entanto, acamamento magmático primário. Rochas porfiríticas com cristais idiomórficos de piroxênio e texturas heteradcumulática e adcumulática ocorrem esporadicamente. Dezoito amostras foram estudadas para obtenção da assinatura isotópica da SARM. Incluíram-se nesse conjunto, rochas com texturas primárias preservadas, rochas com paragênese metamórfica da facies anfibolito e, finalmente, rochas reequilibradas para facies xisto verde. Os resultados Sm-Nd e Rb-Sr obtidos evidenciaram uma derivação mantélica, variavelmente enriquecida em isótopos de Nd e Sr e, ao mesmo tempo, a ocorrência de fracionamentos e distúrbios isotópicos. Do conjunto de dados Sm-Nd, sete amostras se alinharam numa isócrona com idade de 2,79 ± 0,30 Ga (MSWD = 1,2 e µNdt = + 0,48), aqui interpretada como a melhor estimativa para a época de geração da SARM. Os fracionamentos e distúrbios isotópicos identificados decorrem, possivelmente, de uma das seguintes situações ou de suas combinações: a) o metamorfismo de alto grau (facies anfibolito) teria mobilizado heterogeneamente, em parte das rochas estudadas, o conteúdo dos elementos incompatíveis e, conseqüentemente, afetado as suas razões isotópicas Sm/Nd originais; b) as modificações isotópicas teriam ocorrido, generalizadamente, durante o processo metamórfico de facies anfibolito superior, superimposto às rochas recém-cristalizadas da SARM; c) os sistemas isotópicos teriam sido afetados pela evolução da Zona de Cisalhamento Cláudio, que afetou tectonicamente a SARM. Essa estrutura poderia, inclusive, ter contribuído com fluidos adicionais para os processos metamórficos superimpostos às rochas da SARM, especialmente os de baixo grau, de modo a induzir o desequilíbrio isotópico.

Palavras-chave


isótopos;Sm-Nd;Sr-Sr;rochas ultramáficas;Cráton São Francisco Meridional

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DOI: http://dx.doi.org/10.5327/S1519-874X2004000200002

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