Resumo
Duas importantes sequências metassedimentares proterozoi‑ cas ocorrem ao longo da margem noroeste do Cráton do São Francisco e a porção setentrional do Corredor do Paramirim, os grupos Rio Preto e Santo Onofre, respectivamente. O Grupo Rio Preto, que constitui a faixa homônima situada no limite noroeste cratônico, é composto pelas formações Formosa (xisto granatífero, quartzo‑mica xisto, quartzito, clo‑ rita‑sericita xisto e quartzo xisto ferrífero) e Canabravinha (quartzito, quartzito micáceo, metaritmito, filito, xisto e metaturbidito). O Grupo Santo Onofre ocorre exclusivamente na região do Corredor do Parami‑ rim, e é composto por quartzitos e subordinadamente filitos sericíticos, carbonosos ou manganesíferos. As duas unidades estratigráficas registram a sedimentação associada a um ambiente marinho raso a profundo, e são interpretadas como bacias rift invertidas e metamorfisadas na fá‑ cies xisto verde durante a orogênese brasiliana. Neste artigo apresentamos 427 idades U‑Pb em zircões detríticos para essas unidades. Os novos da‑ dos apresentaram idades máximas de deposição de 912 Ma para Forma‑ ção Canabravinha, 965 Ma para a Formação Formosa e 971 Ma para o Grupo Santo Onofre. Portanto, é sugerida a existência de duas bacias rift neoproterozoicas formadas pelos Grupos Rio Preto e Santo Onofre. O Grupo Santo Onofre, predominantemente psamítico, representaria um ambiente marinho raso plataformal relativamente estável. O Gru‑ po Rio Preto, com diamictito, quartzito, pelito e ritmito, representaria um ambiente marinho raso a profundo associado a fluxos gravitacionais. Ambos os grupos teriam sido depositados no Toniano tardio, e são pos‑ sivelmente correlacionados com as unidades inferiores (pré‑glaciais) do Grupo Macaúbas, localizado na Faixa Araçuaí.
Palavras-chave
Geocronologia U-Pb em zircão detrítico; Orogênese brasiliana; Proveniência sedimentar; Faixa Rio Preto; Corredor do Paramirim.