ISÓTOPOS DE OXIGÊNIO E TEMPERATURA DE FORMAÇÃO DOS VEIOS MINERALIZADOS COM WOLFRAMITA DA JAZIDA PEDRA PRETA, SUL DO PARÁ

FRANCISCO JAVIER RIOS, RAIMUNDO NETUNO VILLAS, KAZUO FUZIKAWA, ALCIDES NÓBREGA SIAL, GORKI MARIANO

Resumo


A jazida de wolframita de Pedra Preta constitui a principal reserva de tungstênio conhecida na Amazônia. O minério ocorre num campo filoneano que corta tanto o granito Musa (l,88Ga) como as rochas do greenstone belt de Andorinhas (2,9Ga). Foram desenvolvidos estudos de isótopos de oxigênio no quartzo do corpo granítico bem como na wolframita, mica branca e quartzo dos veios hidrotermais principais (VHP) que se alojaram após o posicionamento da intrusão. Observou-se uma similaridade entre os valores isotópicos do quartzo do granito e dos VHP (δ18Oquartzo = 7-8 o/oo) no setor inferior da jazida (a profundidades abaixo de 160m a partir da atual superfície de erosão), o que deve refletir equilíbrio com um mesmo fluido. Os valores de 818Ofluído no intervalo termal de 240 a 300°C foram calculados entre -3,16 e -0,10 o/oo, sugerindo a participação de fluidos empobrecidos em 18O na formação dos VHP. Esses fluidos são provavelmente os de natureza aquo-carbônica e caráter redutor (presença de CH4) que foram identificados nos estudos de inclusões fluidas e que entraram no sistema hidrotermal Pedra Preta após longo tempo de residência nas rochas das circunvizinhanças. Já o quartzo do VHP do setor superior da jazida mostrou valores de δ18O na faixa de 9,04 a 9,67 o/oo com valores de equilíbrio de δl8Ofluído na faixa de -l,79/l,53%o calculados para aquele mesmo intervalo termal. Credita-se ao CO2 produzido pela oxidação daqueles fluidos nas zonas apicais do granito o enriquecimento em 18O tanto do quartzo como dos fluidos presentes no setor superior da jazida. A wolframita e a mica branca amostradas nos veios VHP apresentaram valores de δ18O de 0,85 e 5,44 o/oo respectivamente. O geotermômetro com base nos isótopos de oxigênio do par quartzo-wolframita forneceu temperaturas de 321°C (Shieh & Zhang 1991) e 356°C (Zhang et al. 1994) que são plenamente compatíveis com os mais altos valores obtidos com os dados microtermométricos em inclusões fluidas (230-350°C). Usando o par quartzo-muscovita (Shieh & Zhang 1991), foram obtidas temperaturas de cerca de 410°C que parecem muito altas para a precipitação da mica (fengita), a qual foi um dos últimos minerais a se formar nos VHP.

Palavras-chave


Granito Musa; Jazida de wolframita; Isótopos de oxigênio; Geotermometria.

Texto completo:

PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.