OROGENIAS PALEOZÓICAS NO DOMÍNIO SUL-OCIDENTAL DO GONDWANA E OS CICLOS DE SUBSIDÊNCIA DA BACIA DO PARANÁ

EDISON J. MILANI, VICTOR A. RAMOS

Resumo


A evolução geológica da Bacia do Paraná foi marcantemente influenciada pela geodinâmica do domínio sul-ocidental do Gondwana. Esta foi uma região continuamente submetida, durante praticamente todo o Fanerozóico, a esforços de natureza compressiva derivados da relação de convergência mantida entre o bloco siálico gondwânico e a litosfera oceânica do Panthalassa. A Bacia do Paraná, embora suportada por um embasamento cratônico desde sua implantação, teve em sua vizinhança ativos cinturões colisionais e bacias de antepaís a eles relacionadas. Algumas áreas foram selecionadas como representativas do comportamento da subsidência durante o Paleozóico ao longo do domínio de antepaís do Gondwana sul-ocidental. A análise de subsidência mostrou que tais bacias de antepaís experimentaram ciclos de subsidência acelerada que coincidem temporalmente com as principais fases orogênicas, estas relacionadas à aglutinação de terrenos alóctones ao paleocontinente. O cálculo de taxas médias de subsidência revelou os principais ciclos de subsidência para a região como um todo. A subsidência e a acumulação sedimentar na Bacia do Paraná iniciaram durante o Meso a Neo-Ordoviciano, tempo em que o terreno da Precordilheira colidiu contra o Gondwana e produziu a Orogenia Oclóyica. A resposta no domínio intraplaca aos esforços compressivos derivados desse ciclo orogênico foi na forma de reativação transtensiva de zonas de fraqueza, o que patrocinou a subsidência inicial da Bacia do Paraná. Repetidamente durante sua história geológica, a Bacia do Paraná experimentou ciclos de subsidência acelerada induzidos por episódios orogênicos. A análise de subsidência revelou que o Eodevoniano, quando os esforços gerados pela Orogenia Precordilheirana afetaram o Gondwana, e o Neopermiano, sob o jugo da Orogenia Sanrafaélica, foram períodos em que as taxas de subsidência intracratônica cresceram marcadamente. Uma análise integrada do registro estratigráfico da Bacia do Paraná, considerando variações eustáticas do nível do mar e os ciclos de subsidência do Gondwana sul-ocidental, conduziu à conclusão de que a ciclicidade observada na Bacia do Paraná foi, em última instância, controlada por sua história de subsidência. Os picos de uma presumida correlação global mostrados na curva de Vail, supostamente representativos de altos eustáticos no Neossiluriano, Eocarbonífero e Eopermiano, não estão documentados na Bacia do Paraná. Por seu turno, níveis de máxima inundação de caráter local, inerentes ao domínio considerado, desenvolveram-se em cada um dos ciclos transgressivo-regressivos encontrados na bacia, e correspondem a pacotes pelíticos com idades eossiluriana, eodevoniana e neopermiana. Assim, os ciclos de subsidência da Bacia do Paraná parecem configurar a resposta intraplaca à geodinâmica particular da margem sul-ocidental do Gondwana.

Palavras-chave


Bacia do Paraná; Gondwana; Tectônica e sedimentação.

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