A AÇÃO DO HOMEM ENQUANTO PONTO FUNDAMENTAL DA GEOLOGIA DO TECNÓGENO: PROPOSIÇÃO TEÓRICA BÁSICA E DISCUSSÃO ACERCA DO CASO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

ALEX UBIRATAN GOOSSENS PELOGGIA

Resumo


O cerne da Geologia do Tecnógeno encontra-se, além da consideração do estabelecimento das atividades humanas -e em particular a atividade essencialmente humana, a produção de seus meios de existênciasobre condições de relevo e se substratos determinadas, encontra-se na consideração efetiva do homem como agente geológico. E o ponto fundamental que permite tratarmos o homem como tal e a possibilidade de comparação dos efeitos das ações humanas aos efeitos resultantes das causas naturais da dinâmica externa sobre a superfície terrestre, como por exemplo as mudanças climáticas. Tais comparações já têm sido apresentadas por diversos autores, e principalmente, em nosso meio, no que diz respeito à erosão acelerada por atividades agrícolas. Em síntese, a ação humana sobre a natureza tem consequências geológico-geomorfológieas referíveis a três níveis de abordagem: na modificação do relevo e alterações físiográficas (relevos tecnogênieos); em alterações da fisiologia das paisagens (criação, indução, intensificação ou modificação do comportamento dos processos da dinâmica externa); na criação de depósitos superficiais correlativos (depósitos correlativos), ou seja, constituindo-se em marcos estratigráficos. No entanto, a atuação do homem enquanto agente geológico introduz algo essencialmente novo, e que o diferencia de todos os demais tipos de agentes e fatores geológicos: a categoria ontológica trabalho. Enquanto os fatores essencialmente naturais funcionam através de cadeias causais, a ação humana se dá através de posições Ideológicas, finalidades, objetivos pré-idealizados (e mesmo que os resultados dessa ação não necessariamente correspondam aos objetivos pré-fixados, e muitas vezes mesmo ao contrário, enquanto resultantes de uma atividade produtiva alienada). Os depósitos tecnogênicos são correlativos aos processos decorrentes das formas humanas de apropriação do relevo e, devido à originalidade dessa determinação, sua época de existência por decorrência caracteriza um tempo geológico distinto: o Quinário ou Tecnógeno. No entanto, a passagem do Quaternário ao Tecnógeno, do ponto de vista estratigráfico, não é homogénea espacialmente, em decorrência justamente da discrepância temporal (heterocronia) do desenvolvimento e difusão das técnicas pelo planeta e pelas regiões. E é nas áreas urbanas que os processos decorrentes da ação transformadora, socialmente produzida, do homem sobre a natureza se concentram e intensificam. Nas planícies ou encostas do Município de São Paulo identificam-se processos e depósitos que resultam não de quebras da legalidade natural, mas de mudanças de categoria (enquanto formas de existência desses entes naturais), da forma natural para a humanizada.

Palavras-chave


Ação humana; Depósitos tecnogênicos; Geologia Urbana.

Texto completo:

PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.