CORRELAÇÃO DO MAGMATISMO DAS BACIAS DA MARGEM CONTINENTAL BRASILEIRA COM O DAS ÁREAS EMERSAS ADJACENTES

FERNANDO FLÁVIO MARQUES DE ALMEIDA, CELSO DAL RÉ CARNEIRO, ANA MARIA PIMENTEL MIZUSAKI

Resumo


Sintetizam-se informações sobre o magmatismo cretáceo-terciário nas bacias da margem continental brasileira, comparando-o com o das áreas emersas adjacentes. No Eocretáceo pré-aptiano, o vulcanismo basáltico é o mais comum nas bacias do Espírito Santo para sul, correlacionando-se aos diques e derrames da Formação Serra Geral. Também está presente no Nordeste, na Bacia Potiguar submersa, correlato dos diques básicos, situados a sul dela. Na extremidade sul do Brasil, a presença de magmatismo ácido na Bacia do Paraná permite supor a existência de composições similares na base da Bacia de Pelotas, mas os estudos nessa região são ainda incipientes. No Aptiano-Albiano observa-se atenuação do magmatismo em quase todas as bacias marginais e no continente emerso, embora rochas dessa idade estejam presentes na Bacia do Ceará e na região do Cabo (Pernambuco). No Neocretáceo-Eoceno o magmatismo exibe caráter alcalino no Alinhamento Magmático de Cabo Frio, que possivelmente se estende à margem submersa. No Eoceno o vulcanismo é acentuado na Plataforma de Cabo Frio e sul da Bacia de Campos. Na borda W da Bacia de Santos, ilhas são constituídas de rochas alcalinas feldspatóidicas, relacionadas ao Alinhamento do Rio de Janeiro. No Terciário, o vulcanismo no Nordeste estendeu-se ao Mioceno, na Bacia Potiguar e na região emersa, porém no Sul-Sudeste parece ter cessado após o Eoceno. A Zona de Fratura Fernando de Noronha prolongou-se à costa, permitindo, no Oligoceno, penetração de magma alcalino associado a vulcanismo. A de Remanche atinge a Bacia do Ceará, adentrando o Craton de São Luís; apresenta magmatismo ácido nos altos Atlântico e do Ceará. A Zona de Fratura Vitória-Trindade também parece estender-se ao continente, tal como evidenciado pelas estruturas e diques básicos da suíte Fundão. As bacias existentes entre a Ilha do Marajó e a Bacia do Ceará são amagmáticas, do mesmo modo que a Bacia do Recôncavo, em parte por se situarem sobre crosta rígida, respectivamente dos cratons de São Luís e do São Francisco. Sugere-se que o mais rápido afastamento dos continentes na margem sul que a nordeste, aliado a diferentes processos de rifteamento, tenha sido a causa da cessação do vulcanismo somente após o Mioceno nesta última região.

Palavras-chave


Magmatismo mesozóico-cenozóico; Margem continental; Região costeira; Ativação tectono-tagmática; Bacias marginais; Bacias costeiras; Vulcanismo; Alinhamentos magmáticos; Zonas de fratura.

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