A FORMAÇÃO MACAÉ, BACIA DE CAMPOS. BRASIL: SUA EVOLUÇÃO NO CONTEXTO DA HISTORIA INICIAL DO ATLÂNTICO SUL

ADALI RICARDO SPADINI, FERNANDO ROBERTO ESTEVES, DIMAS DIAS-BRITO, RICARDO LATGE MILWARD AZEVEDO, RENE RODRIGUES

Resumo


A Formacção Macaé (Albiano-Eoturonia no, Bacia de Campos) é muito significativa para o entendimento da história inicial do Atlântico Sul ao norte do sistema Walvis Ridge-Platô de São Paulo. Sua deposição sucedeu imediatamente ao evento evaporitico aptiano e precedeu a fase oceânica, que começou em tempos pós-eoturonianos. Ela é provavelmente, o registro carbonático mesocretácico mais bem conhecido em todo o Atlântico Sul. E composta pelo Macaé Inferior (Eo- a Mesoalbiano), constituído dominantemente de calcários, depositados sobretudo em meio neritíco, raso, e pelo Macaé Superior (Neoalbiano-Boturoniano), com calcilutitos sobrepostos por margas e folheIhos, acumulados em resposta a eventos transgressivos. Durante a deposição da parte mais inferior da Formação Macaé, um sistema de planicies de maré se desenvolveu a sul da bacia, com ambientes de supramaré, Intermaré e lagunas. Calcilutitos bioturbados preencheram áreas calmas de ambiente neritico raso enquanto oóides e pelóides se acumularam em sistemas de bancos de alta energia desenvolvidos em áreas distais. A baixa diversidade biótica e os valores de isotopes de carbono sugerem que, naquele tempo, o corpo marinho era hipersalino. Valores mui to negativos de isotopes de oxigênio indicam que as temperaturas das aguas superficiais eram altas. Calcarios oncolóticos, sobretudo, e calcilutitos predominam nas partes media e superior do Macaé Inferior, tendo sido depositados em ambiente nerítico raso. O corpo d'agua continuava hipersalino e quente, como sugerem os estudos paleoecológicos e isotópicos. O Mar Macaé era então um ecossistema juvenil, instável e pobre em nutrientes, com profundidades maximas em torno de 50 m. As rochas carbonáticas do Macaé Superior consistem em calcilutitos rico sem calcisferu1ídeos. Sua abundante biota pelagica provavelmente reflete a dessalinização e o incremento de nutrientes nas águas superficiais do corpo marinho resultantes de importante expansão do Atlântico Sul ocorrida no Neoalbiano. Uma melhor circulação de águas passou a ocorrer na bacia, cuja batimetria média oscilava entre 100 e 200 m, "Ao final do Albiano terminal ocorreu uma deposição rítimica de calcilutitos e margas, causada, provavelmente, por variações climaticas alternantes (cic1os quente/seco e quente/úmido). A partir do Cenomaniano, já sob clima quente e úmido, foram acumulados sedimentos siliciclásticos finos, em ambientes batial superior (200-500 m); condições episódicas de anoxia ocorreram neste intervalo de tempo, o que é atestado pela presença de folhelhos negros, laminados, não bioturbados, frequentemente ricos em radiolarios, e relativamente ricos em carbono orgânico".


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