CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA RESSEDIMENTAÇÃO NO SUBGRUPO ITARARÉ: TRATOS DE FÁCIES E HIDRODINÂMICA DEPOSICIONAL

Resumo

Esta contribuição trata de uma análise de fácies de ressedimentação do Subgrupo Itararé, Permocarbonífero da Bacia do Paraná, e é complementada por um guia de campo temático na região de Porto Feliz, no Estado de São Paulo. São reconhecidos dois tratos de fácies. O trato confinado, identificado pela presença de feições erosivas na base dos depósitos, é constituído por uma família de fácies transicionais tipificadas pelos seguintes elementos discretos: diamictitos desorganizados, diamictitos ou conglomerados organizados, arenitos estratificados e arenitos maciços. O trato não-confinado inclui os seguintes elementos discretos de um espectro transicional: diamictitos desorganizados, ritmitos gradados, ritmitos várvicos e seus equivalentes deformados. A hidrodinâmica envolvida na ressedimentação é de natureza essencialmente gravitational e inicia-se com a amolgação de depósitos glaciogênicos, quando submersos por transgressões marinhas. Em equilíbrio instável, os depósitos amolgados são submetidos a fluxos de detritos que, em condições confinadas, evoluem para correntes de turbidez de alta concentração e, nos momentos finais, para processos tracionais, interação de grãos e fluidização. Em condições não-confinadas, os fluxos de detritos evoluem diretamente para correntes de turbidez de baixa concentração e destas, para suspensões diluídas. Como a deposição pode ocorrer em qualquer momento destes dois contínuos espectros de fluxos, os depósitos resultantes exibem contínua transição em suas características faciológicas, configuradas nos tratos reconhecidos. A presença e abundância de fácies de ressedimentação no Subgrupo Itararé atestam que os glaciares desempenharam uma função mais relevante como agentes de suprimento do que como agentes deposicionais.