ESTUDO DE CICLICIDADE ORBITAL COM BASE EM DADOS SÍSMICOS - EXEMPLO PARA O MIOCENO DA BACIA DE CAMPOS

ALVARO HENRIQUE AROUCA DE CASTRO

Resumo


A viabilidade da utilização de dados sísmicos na avaliação dos efeitos dos principais parametros orbitais sobre os ciclos deposicionais e avaliada, na tentativa de se utilizar a sismica como uma importante ferramenta de refinamento estratigrafico. Os conceitos envolvidos foram testados em uma seção sismica e em um poço adjacente na Bacia de Campos, Brasil. Inicialmente foi feita uma interpretação visual do perfil sonico, integrada com os dados bioestratigraficos, visando dividir a seção sedimentar em segmentos de mesma taxa de acumulação. A cada segmento foi aplicado um tratamento de analise espectral para identificar suas principais frequencias. O traço sísmico que coincide com a posição do poço foi convertido para profundidade, dividido em intervalos equivalentes aos segmentos definidos no perfil sonico, e também submetido a análise espectral. Foi avaliada então, a correlação entre as frequências encontradas em cada conjunto de dados e as dos fenômenos (excentricidade, obliquidade e precessão) que afetam a órbita da Terra (Teoria de Milankovitch). O material estudado foi integrado, e os resultados avaliados, considerando-se as limitações das ferramentas utilizadas. Níveis diferentes de sucesso foram alcançados em cada segmento dependendo da espessura dos ciclos dominantes e da resolução sísmica. A espessura do ciclo e função direta da taxa de acumulação, enquanto a resolução sísmica varia inversamente com a profundidade de investigação, devido a absorção de altas frequências pelo solo. Foi possível, através da análise espectral da curva do perfil sonico, caracterizar ciclos associados a excentricidade (410 e 100 ka), obliquidade (41 ka) e precessão (23 e 19 ka). Este último fenômeno parece ter side o de maior influencia sobre a ritmicidade da deposição dos sedimentos, exceto para os sedimentos depositados entre os topos das biozonas N-570 e N-580, onde predomina a obliquidade. A taxa de acumulação variou entre 4,5 crn/ka (N-560a) e 40 cm/ka (N-570b). A análise espectral do traço sísmico possibilitou a identificação de ciclos, em geral, com cerca de 100 ka. Onde o intervalo é suficientemente longo, apesar da baixa taxa de acumulação, torna-se possível identificar também o ciclo associado ao período de 410 ka (N-560a). Quando há um incremento relevante na taxa de acumulação, é possível associar ciclos sedimentares com o período de 41 ka (N-570b, apesar da resolução relativamente baixa - 12,7m).

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