ISÓTOPOS DE CARBONO E OXIGÊNIO DOS MÁRMORES ASSOCIADOS COM O DEPÓSITO FÓSFORO URANÍFERO DE ITATAIA, CEARÁ
Resumo
A jazida fósforo-uranífera de Itataia é constituída por colofanitos, que aparecem como corpos irregulares, maciços e em veios, junto a corpos lenticulares de mármores e rochas calcissilicáticas intercaladas em rochas metassedimentares pelíticas e psamíticas meso a neoproterozóicas metamorfisadas em fácies anfibolito alto. Corpos pegmatíticos de dimensões centimétricas a métricas com muscovita e turmalina são comuns e seccionam rochas metapelíticas e seus mobilizados anatéticos. Pegmatitos mais enriquecidos em plagioclásio e empobrecidos em filossilicatos cortam diferentes estratos de mármore, alguns dos quais estando mineralizados em colofana. Estruturalmente, as lentes de mármore, principais rochas hospedeiras do minério, mostram uma organização estrutural heterogênea, resultado de importantes dobramentos e cavalgamentos. Estudos isotópicos de C e O em carbonatos feitos ao longo de uma das seções que cortam as rochas metacarbonáticas, parcialmente mineralizadas, mostram uma variação de +2,0 a –5,0‰ nos valores de δ13CPDB e de +16,3 a +24,2‰ para o δd18OSMOW. Eventos pós-deposicionais, tais como metamorfismo associado a uma tectônica dúctil e dúctil-frágil acompanhada de infiltração de fluidos hidrotermais e/ou supergênicos e carstificações são responsáveis pelas modificações nas razões isotópicas originais. Os mármores dolomíticos delgados e impuros, que apresentam as menores razões isotópicas, são os mais afetados por esses eventos. Faixas miloníticas retromórficas de espessura métrica e brechas de dissolução cárstica a uma profundidade de 144m, intercaladas aos estratos metacarbonáticos, poderiam materializar os canais de percolação desses fluidos. As camadas metacarbonáticas mais espessas e com razões δ13CPDB e δ18OSMOW mais altas (δ13CPDB 0±2‰ e δ18OSMOW >20‰) retratam os leitos melhor preservados ou menos modificados isotopicamente. Não obstante, a associação mineralógica (diopsídio, escapolita, flogopita, clinocloro e tremolita) indica a existência de reações de devolatização e/ou descarbonatação, o que não elimina, entretanto, a hipótese da interação com fluidos externos como responsável pela variação isotópica observada.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFApontamentos
- Não há apontamentos.