EVOLUÇÃO GEOQUÍMICA E BALANÇO DE MASSA NA FORMAÇÃO E DEGRADAÇÃO DE PERFIS LATERÍTICOS ENCOURAÇADOS NA ÁREA DA FAZENDA PISON, VALE DO RIO TAPAJÓS, AMAZÔNIA CENTRAL

JOÃO HENRIQUE LARIZZATTI, SONIA MARIA BARROS DE OLIVEIRA

Resumo


Na Província Tapajós, situada na porção centro-sul do craton amazônico, a paisagem é dominada por suaves colinas resultantes da incisão da superfície Velhas, de idade neógena. Durante a elaboração dessa superfície, sob clima mais seco que o atual, formou-se um manto laterítico capeado por couraça ferruginosa. Com o advento de um clima mais úmido, essa couraça entrou em desequilíbrio, transformando-se em latossolos concrecionários. No perfil intempérico completo (20 a 30 m de espessura) distinguem-se 5 horizontes: (1) horizonte saprolítico, (2) horizonte de argila mosqueada, (3) couraça ferruginosa, (4) latossolo vermelho e (5) latossolo amarelo. Os dados químicos referentes a elementos maiores e traços dosados em amostras provenientes dos 5 horizontes da cobertura de alteração na área da Fazenda Pison foram submetidos à análise fatorial modo Q com rotação varimax (26 amostras, 24 variáveis). Os resultados permitiram identificar 3 grupos de elementos de comportamento distinto. O primeiro, compreendendo Si, Ca, Na, Mg, K, Mn, Ba, Cu, Zn e Rb, apresenta os teores mais elevados no saprólito e representa os minerais primários residuais e as concreções manganesíferas que ocorrem na base do perfil. O segundo, composto por Fe, V, Cr, S e Ga, representa a assinatura geoquímica da couraça. Finalmente, o terceiro grupo (Al, Ce, La, Nb, Zr , Sr, Ti, P e Pb) está relacionado aos horizontes mais ricos em caolinita, ou seja, o horizonte de argila mosqueada e os latossolos. O cálculo do balanço de massa isotitânio indicou mudanças volumétricas entre 50 e 60% nos horizontes sobrepostos ao saprólito. Houve forte perda de Ca, Na, K e Mg (–80 a –100%), e perda moderada de Si (–65 a –80%) e Al (–45 a –65%) ao longo do perfil. O ferro mostra ganhos absolutos moderados na argila mosqueada (+50 a +60%) e fortes na couraça (+330 a +700%); nos latossolos houve perda moderada (–20 a –38%) desse elemento. A acumulação absoluta de ferro na couraça foi provavelmente devida à migração vertical desse elemento a partir dos horizontes saprolíticos de uma cobertura laterítica pretérita. Durante a degradação da couraça para latossolos, Fe sofreu lixiviação e Si e Al concentraram-se nos latossolos. Entretanto, os latossolos não derivam apenas da degradação da couraça. Parte de seu conteúdo em sílica deve ser devida ao transporte para cima de material do horizonte de argila mosqueada pela atividade dos cupins.


Palavras-chave


Couraça ferruginosa; Laterização; Balanço de massa; Vale do rio Tapajós; Latossolos.

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