QUÍMICA MINERAL DE ANFIBÓLIOS E BIOTITAS E CONDIÇÕES DE CRISTALIZAÇÃO DE GRANITÓIDES PALEOPROTEROZÓICOS DA REGIÃO DE VILA RIOZINHO, PROVÍNCIA AURÍFERA DO TAPAJÓS, CRÁTON AMAZÔNICO

CLAUDIO NERY LAMARÃO, ROBERTO DALL'AGNOL

Resumo


Os granitos São Jorge Antigo, São Jorge Jovem, Jardim do Ouro, pórfiros e aqueles da Suíte Maloquinha são representativos do magmatismo paleoproterozóico (1,98 a 1,88 Ga) da região de Vila Riozinho, porção leste da Província Aurífera do Tapajós. No Granito São Jorge Antigo, as rochas quartzo-monzodioríticas possuem anfibólios de composição Mg-hastingsita, tschermakita e hornblenda magnesiana. Nas rochas monzograníticas, dominantes, e quartzo-sieníticas, pouco frequentes, ocorre hornblenda magnesiana homogênea com raras bordas actinolíticas. As altas razões Mg/(Mg+Fe2)e os conteúdos de Al1 desse anfibólio indicam formação em ambiente com elevada fO2, a pressões variáveis entre 3 e 1 kbar para a fácies monzogranítica e inferiores a 1,7 kbar para a quartzo-sienítica. Pressões de 6±1 kbar foram obtidas em Mg-hastingsita e tschermakita das rochas monzodioríticas. Entretanto, a composição da homblenda magnesiana presente nas bordas de muitos cristais de anfibólio desta fácies sugere um final de colocação e cristalização a pressões similares àquelas das rochas monzograníticas. No Granito São Jorge Jovem, ocorrem hornblenda magnesiana e actinolita com razões Mg/(Mg+Fe2) um pouco mais elevadas do que as de rochas equivalentes do Granito São Jorge Antigo, porém com conteúdos de Al1, mais baixos, indicando cristalização entre 2 e 1 kbar. A presença nesse granito de muitos anfibólios com composição actinolítica sugere a possibilidade de reequilíbrio subsolidus expressivo e tais valores devem ser tomados com precaução. O Granito Jardim do Ouro possui anfibólios com razões Mg/(Mg+Fe2) mais baixas que variam de Fe-edenita a Fe-hornblenda, indicando cristalização em ambiente comparativamente menos oxidante. Seus conteúdos de Al1 elevados sugerem cristalização a pressões entre 4,5 e 3 kbar. Porém, como esses anfibólios são mais ricos em ferro do que os dos demais granitóides e formaram-se em menor fO2, é possível que tal pressão esteja superestimada. No granito pórfiro associado ao Granito São Jorge Antigo ocorre hornblenda magnesiana bastante homogênea com razões Mg/(Mg+Fe2), conteúdos de álcalis e Al1 similares ao do anfibólio das rochas monzograníticas deste corpo, sugerindo uma ligação genética entre essas rochas. Um granito pórfiro, associado aos ignimbritos da Formação Moraes Almeida e à Suite Maloquinha, contém Fe-homblenda de composição semelhante a dos anfibólios do Granito Jardim do Ouro, o que sugere uma possível ligação entre ambos. As biotitas dos granitos São Jorge Antigo, São Jorge Jovem c do granito pórfiro associado ao primeiro são magnesianas, similares às encontradas em granitos cálcico-alcalinos, e mostram reequilíbrio pós-magmático. A biotita do Granito Jardim do Ouro é ferrosa, situa-se no limite entre biotitas de granitos subalcalinos e alcalinos e não apresenta sinais de reequilíbrio pós-magmático.


Palavras-chave


Cráton Amazônico; Granitóides; Cálcico-alcalino; Anfibólio; Biotita.

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